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Mostrando postagens de 2017

Ferrogrão: consolidando a invasão da Amazônia – Parte 1

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Traçado da Ferrogrão ou EF 170 - Terras Indígenas e Unidades de Conservação Fonte: Mongabay A calada da noite, em Brasília, é a mãe que pare decisões insanas do Congresso Nacional. (Telma Monteiro) Por Telma Monteiro Só quem acompanha diuturnamente esse arremedo de desenvolvimento pretendido pelos últimos três governos brasileiros consegue entender a dinâmica da destruição da Amazônia. Para aquele que não acompanha o dia a dia e só vê fragmentos aqui e ali despejados por jornalistas falsamente perplexos, nunca vai captar a verdade. A TV Globo se esmera em demonstrar, em matérias sobre a Natureza, uma profundidade de lâmina d’água sobre a biodiversidade da Amazônia. Pura falta de respeito.  Veja-se a Renca, aquela linha imaginária na forma de quadrilátero que congelou, em 1984, uma riqueza imensa de ouro e outros minérios, alguns trilhões de Reais, de 42 milhões de hectares, divididos entre o Amapá e o Pará. Uma Portaria do MME tentou desbloquear a Renca, para sua ex

Energia elétrica: mais termelétricas a carvão mineral, menos energia solar até 2026

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Telma Monteiro Os cenários considerados pelo Plano Decenal de Energia 2026 (PDE 2026) preveem mínima expansão da energia solar fotovoltaica devido aos altos custos de implementação. Em momento algum a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), autora do PDE, aborda a importância dos incentivos do governo à energia solar, que fariam baixar custos para se tornar competitiva. No entanto, a EPE considera, num dos cenários analisados, um aumento do número de plantas termelétricas a carvão mineral. Um belo retrocesso. O que, consequentemente, levaria a um acréscimo de 20% de emissões de gases de efeito estufa (dados do próprio PDE). E por falar em emissões, como fica o Acordo de Paris? Incentivo à tecnologia, publicidade e financiamentos poderiam viabilizar a instalação de empresas voltadas para o mercado de energia solar. Todos ganhariam. O país, o meio ambiente, a Amazônia, os rios  e o mercado com o aumento de empregos e a economia de escala. O consumidor adoraria pro

Amazon dam defeats Brazil’s environment agency (commentary)

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Commentary by  Philip Fearnside  on 20 September 2017 The term “controversial” is inadequate to describe the São Manoel Dam. It is located only 700 m from the Kayabí Indigenous Land and has already provoked a series of confrontations with the indigenous people. As with other dams, São Manoel can be expected to negatively affect the fish and turtles that are vital food sources for the Kayabí, Munduruku and Apiacá indigenous groups. This post is a commentary. The views expressed are those of the author. The term “controversial” is inadequate to describe the São Manoel Dam. It is located only 700 m from the Kayabí Indigenous Land and has already provoked a series of confrontations with the indigenous people (see here , here , here and here ). As with other dams, São Manoel can be expected to negatively affect the fish and turtles that are vital food sources for the Kayabí, Munduruku and Apiacá indigenous groups. It also destroys sacred sites, as well as gravesites

As lições ambientais que o Brasil não aprendeu põem em risco a vida dos brasileiros

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Não acredito que o Brasil, ou melhor dizendo, o governo brasileiro tenha aprendido as lições sobre preservação ambiental nas últimas décadas. A triste realidade que estamos vivendo, com a destruição dos biomas brasileiros, desrespeito aos povos tradicionais, desmanche das leis ambientais, enfraquecimento do Ibama e o aumento das emissões de gases de efeito estufa confirmam a má vontade dos governos anteriores, e deste atual, de cumprir compromissos assumidos desde os anos 1970.  Os últimos presidentes da República continuam defendendo interesses imediatistas, desde Estocolmo, em 1972. Suas escolhas são equivocadas, depois de terem assumido compromissos na Rio 92 e na Rio + 20. Apesar de aceitarem acordos, deixaram de fazer um controle eficaz da poluição e do desmatamento, alegando que isso poderia reduzir o crescimento. Com os problemas que cercam o poder, o tão cantado crescimento de 5% ao ano desceu a ladeira. Prova que deixar a questão ambiental no fim da fila não ajudou a recuperar

Para quem Temer quer dar a Amazônia?

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As mineradoras fingem que respeitam a legislação ambiental e o Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Secretarias Estaduais e Municipais de Meio Ambiente fingem que fiscalizam. Telma Monteiro Li que a Renca deveria ser anulada para que a indústria mineradora e “redentora” pudesse se soltar e transformar a riqueza da Amazônia em riqueza do povo brasileiro. Onde, no Brasil, alguma mineradora, alguma vez, transformou a exploração em algo que não fosse degradação e desastre? E, lógico, em enormes lucros para si própria. Quando foi criada, a Renca deveria preservar a região para a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), hoje apenas Vale. Na época a companhia estava sob a presidência de Eliezer Batista ( que para quem não sabe é pai de Ike Batista) conhecedor dos mapas das minas de toda Amazônia. Liberar a Renca, como quer o governo Temer, será perpetuar a apropriação dos recursos naturais, na forma de commodities minerais, sem agregar valor, para exportar para a China, por exemplo.

Amazônia: a pilhagem continua

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Processos minerários na Reserva de Cobre e seus Associados (RENCA) (Retângulo rosa é a área da RENCA) Fonte: Sigmine. Edição Telma Monteiro Por Telma Monteiro "A riqueza subterrânea não explorada é a guardiã da outra riqueza, essa na superfície, a biodiversidade da Amazônia." (Telma Monteiro) Levei um bom tempo para deglutir mais um crime contra a Amazônia. Desta vez pelo governo de plantão, sob a batuta de Temer, Rodrigo Maia e quiçá um tal de Fufuca. Quando você acha que não vai se surpreender com mais nada, acontece uma novidade que nunca é boa. A primeira analogia que me veio foi estupro. Liberar a Reserva Nacional de Cobre e Associados (RENCA), entre o Pará e o Amapá seria o mesmo que estuprar a Natureza na sua versão mais perfeita. Entendo que o termo pode parecer muito forte, mas há que se chacoalhar a sociedade brasileira, essa alienada, em que vivemos atualmente. Aqueles que se manifestaram nas redes sociais, gritando contra a Portaria do Ministério